terça-feira, 2 de agosto de 2011

Data venia, dotô...

Linguagem jurídica é famosa pelo uso abusado do latim, tanto nas peças quanto nas defesas orais. No entanto, há quem fique confuso com o simples uso da norma culta da língua portuguesa, jurando tratar-se do emprego do latim - quiça do grego. Imagine quando um há de um lado alguém com o mais alto conhecimento da língua portuguesa e do outro alguém que não teve a oportunidade de uma boa educação escolar?

Diz a lenda que Rui Barbosa (grande jurista brasileiro), ao chegar em casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.

Chegando lá, constatou um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe: 

"Oh, bicéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada."

E o ladrão, confuso, diz:
- "Dotô, eu levo ou deixo os pato?" 

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